Informações do Autor

Dra. Gisele Rossi Goveia
• Nutricionista Especialista em Nutrição Clínica
• Diretora da Preventa Consultoria em Saúde - SP

O QUE É?
O índice glicêmico (IG), proposto pelo Dr. David Jenkins, pesquisador da Universidade de Toronto – Canadá, em 1981 , representa o efeito sobre a glicemia de uma quantidade fixa de carboidrato disponível de um determinado alimento, em relação a um alimento-controle, que normalmente é o pão branco ou a glicose, por meio da analise da curva glicêmica produzida por 50g de carboidrato (disponível) de um alimento teste em relação a curva de 50g de carboidrato do alimento padrão (glicose ou pão branco). Atualmente utiliza-se o pão branco por ter resposta fisiológica melhor que a da glicose.
QUAL A IMPORTÂNCIA DE CONSUMIR ALIMENTOS COM BAIXO IG?
Teoricamente, o que ocorre é que, ao ingerir alimentos com alto IG, o organismo libera grandes quantidades de insulina para tentar manter os níveis de glicose no sangue dentro de limites normais. Este aumento na produção insulínica contribui para menor saciedade após as refeições, podendo levar ao consumo excessivo de alimentos, contribuindo para desenvolver obesidade e piora do quadro de resistência à insulina.
Em 2003 a Organização Mundial de Saúde, concluiu que alimentos de baixo IG, possivelmente diminuem o risco para o desenvolvimento do diabetes do tipo 2, devido ao melhor controle na liberação de insulina, bem como da obesidade, pelo aumento da saciedade, além de não contribuir para consumo excessivo de alimentos na refeição posterior. Ademais, pelo grande teor de fibras das dietas com baixo IG, sobretudo as solúveis, há maior distensão gástrica e consequente elevação da secreção de um hormônio intestinal: a colecistoquinina, que por sua vez, induz a sensação de saciedade. Essas dietas estimulam a oxidação de gordura em detrimento ao carboidrato com consequente redução na deposição de gordura de corpo
COMO IDENTIFICAR IG DOS ALIMENTOS?
Tal índice foi proposto para auxiliar a seleção de alimentos, assim quando alimento controle utilizado é o pão, os alimentos analisados que apresentam IG < 75, são considerados de baixo IG. Já os alimentos com IG > 95, são considerados de alto IG. Caso o alimento padrão seja a glicose, considera-se alto, IG ≥ 70, médio IG 56 – 69 e baixo IG < 55.
A recomendação para o us
o do IG, baseia-se, principalmente, na substituição de alimentos de alto por baixo IG ao longo do dia. Contudo deve-se considerar os efeitos dos outros alimentos sobre a glicemia, quando se consume uma refeição mista.
ONDE ENCONTRAR INFORMAÇÕES SOBRE O IG DOS ALIMENTOS?
A primeira tabela divulgando valores de IG dos alimentos foi publicada em 1981 e continha 62 alimentos, desde então o número de alimentos de todo o mundo, vem sendo amplamente analisados por pesquisadores do Canadá, Austrália, Nova Zelândia. No Brasil, o IG de alguns alimentos como o abacaxi, morango, banana, feijão, arroz e alguns alimentos industrializados, vem sendo analisados pela Professora Dra. Elizabete Wenzel de Menezes, coordenadora da equipe na Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Universidade de São Paulo (USP).
Para saber mais sobre a resposta glicêmica de alguns alimentos brasileiros, acesse a Tabela Brasileira de Composição de Alimentos através do link http://www.intranet.fcf.usp.br/tabela/lista.asp?base=r 
CARGA GLICÊMICA (CG)
O QUE É?
O conceito sobre carga glicêmica (CG) foi proposto, em 1997, pelo Dr. Salmeron, pesquisador da Harvard Scholl.
A carga glicêmica (CG) é um produto do índice glicêmico (IG) e da quantidade de carboidrato presente na porção de alimento consumido, comparado com o alimento padrão.
Este marcador mede o impacto glicêmico da dieta, sendo calculado pelo produto do IG do alimento pela quantidade de carboidrato, contida na porção consumida do alimento.
Equação: CG = IG x teor CHO disponível na porção
100
COMO IDENTIFICAR A CG DOS ALIMENTOS?
Considerando a glicose como controle, os alimentos podem ser classificados em baixa carga glicêmica (CG < 10) e alta carga glicêmica (CG > 20).
QUAL A IMPORTÂNCIA DE CONSUMIR ALIMENTOS COM BAIXA CG?
As evidências científicas reforçam que o carboidrato é o maior preditor do aumento da glicemia pós refeição, devendo-se considerar qualidade e quantidade deste macronutriente.
O índice glicêmico é uma medida de qualidade do alimento e a carga glicêmica, apesar de ser uma medida que leva em consideração a qualidade e quantidade, controvérsias sobre a validade destes métodos ainda persistem. Existem diversos fatores que interferem na resposta glicêmica dos alimentos, como a procedência do alimento, tipo de cultivo, forma de processamento e cocção, consistência e teor de fibras. Ao recorrer a tabelas, corre-se o risco primeiramente de identificar alimentos que no caso, não são típicos do Brasil, uma vez que dispomos de tabelas internacionais. Além disso, muitos alimentos com baixo IG, trazem na sua composição altas concentrações de gorduras.
Diante desta situação, vale ressaltar a importância da orientação nutricional realizada pelo nutricionista especialista no atendimento as pessoas com diabetes, no sentido de esclarecer quanto a viabilidade e vantagens na escolha de alimentos com baixo IG e CG.
CONSIDERAÇÕES FINAIS SOBRE IG E CG
Ainda não existe um consenso entre os diversos órgãos de saúde mundiais, sobre a recomendação do índice glicêmico (IG) e carga glicêmica (CG), como estratégia primaria para o planejamento do plano alimentar para pessoas com Diabetes Mellitus, pois, questiona-se a relevância e praticidade destes métodos, havendo a necessidade de realização de mais estudos de longa duração com alimentos de baixo IG e CG, no intuito de avaliar seus efeitos na prevenção e tratamento de diversas doenças crônicas não transmissíveis.
Postado por Carlos PAIM